“Declaração universal dos direitos humanos” ou “dia da consciência feminista”

8 de Março de 2015

Declaração universal dos direitos humanos. Artigo I: “Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos”

Sem título (Cílios) | Cris Bierrenbach

Que todo ser humano tenha direito de nascer com dignidade, suporte e amor, caso seja benvindo.

Que todo ser humano, ao ser descoberto o seu sexo, não passe a receber uma série de normativas que o diferencie dos outros seres humanos e paute preferências e comportamentos pré-determinados.

Que seu nome não determine as roupas que lhe serão oferecidas, os brinquedos que lhe serão dispostos, as frases que lhe serão ditas, as práticas que lhe serão ensinadas, nem mesmo as cores que devem ser suas favoritas

Que todo ser humano aprenda que, vez ou outra, é bom falar palavrão, sentar de perna aberta e falar comendo. Que todo mundo solta pum e arrota, faz cocô e xixi. Que todo mundo se masturba e possui uma sexualidade.

Que todo ser humano aprenda também que cuidar da casa, da limpeza, da arrumação, que fazer a própria comida e servir aos outros é importante, necessário e bom.

Que todo ser humano possa correr, se assanhar, suar, dançar, se sujar, ficar sem camisa quando faz calor.

Que todo ser humano possa andar na rua livremente, sem ser invadido por palavras, gestos e olhares hostis. E que possa ser do jeito que quer ser dentro de casa, sem ser reprimido, controlado ou agredido também.

Que todo ser humano possa se maquiar e se enfeitar quando quiser. E que possa também sair de casa de cara lavada e roupa simples, até mesmo se for para um grande evento social. Que possa se vestir do jeito que achar mais confortável ou bonito. E que o bonito não seja pautado pelo setor comercial.

Que qualquer pessoa tenha direito de amar quem quiser, de beijar quem quiser, de transar com quem quiser e de não transar também. Qualquer relação deve ser consentida. Que todos os seres humanos possam construir família ao lado de uma ou mais pessoas de qualquer raça, gênero, religião, nacionalidade, classe social. Mas que, se quiser, ele pode ser também uma família de uma pessoa só. Que qualquer pessoa tenha direito de ser adotada por quem quiser adotá-la, se o fizer com amor.

Que qualquer ser humano se ame ao se ver no espelho, seja ele gordo ou magro, alto ou baixo. Que qualquer corpo seja considerado perfeito. E que seja desejado e admirado do mesmo jeito pelos outros. Que qualquer característica física ou mental que o faça diferente da normativa não seja considerada uma deficiência. Que a falta de algum recheio, alguma curva, algum membro, de mobilidade, que qualquer sentido que tenha alguma limitação, que uma marca ou cicatriz não seja razão para fazer ninguém inferior a ninguém.

Que qualquer ser humano possa usar seu cabelo natural e que isso possa ser considerado lindo em qualquer circunstância. Mas que possa também mudar o cabelo quando quiser, desde que esse desejo venha verdadeiramente de dentro para fora. Que qualquer pessoa possa cortar se cabelo quando bem entender ou deixá-lo crescer até onde se sentir bem. Que ela tenha direito de ser careca também sem que isso seja nada demais.

Que qualquer pessoa possa ser peluda ou despida de pelos, em qualquer parte do seu corpo, sem que isso configure um problema para ninguém e muito menos para si mesma.

Que o corpo de qualquer pessoa seja seu santuário, a fonte da sua vida, em que só ela mesma possa estabelecer seus rituais ou transformá-los. E que todo mundo demonstre respeito ao corpo alheio. Que a carne de ninguém se torne objeto de outrem.

Que qualquer ser humano possa escolher se quer ou não ter filhos. Se quer ou não ser chamado de mulher e/ou homem. Se quer ou não manter os órgãos sexuais com que nasceu.

Que qualquer ser humano possa usar qualquer banheiro público e que as pessoas, ao usarem banheiros públicos, não invadam o espaço do outro que também o está utilizando.

Que qualquer ser humano trabalhe em condições dignas e de igualdade com seus pares de profissão. Que qualquer pessoa tenha a oportunidade de trabalhar com o que escolher livremente fazer e que isso não seja razões para julgamento alheio.

Que qualquer ser humano tenha condições de pagar as próprias contas. Que qualquer pessoa tenha acesso a um bom serviço de saúde, de transporte, de educação, de segurança, de cultura e tecnologia, sendo apenas quem ela é.

Que qualquer pessoa tenha condições de viajar a qualquer lugar que queira, seja só ou acompanhada de quem bem entender.

Que todos tenham suporte de família e amigos. Que todos possam envelhecer com dignidade e que as marcas da idade não inferiorizem ninguém.

Que nada que possa vir a diferenciar qualquer ser humano de outro se torne razão para dividir ou categorizar as pessoas em grupos com diferentes status de poder. Somos um. Intelectualmente, espiritualmente, socialmente, emocionalmente, fisicamente, todos humanos.

Que o dia da mulher nos lembre essas coisas que nos parecem óbvias, mas que todos os dias nos jogam na cara que não são nossa realidade.

Ser mulher não é uma piada. Também não é motivo para colocar ninguém em caixinhas. Ser mulher ainda mata muita gente. Faça a sua parte, tenho certeza de que só ela é que pode e vai mudar o mundo!

“Aniversário de namoro” ou “sobre não ser alma gêmea do seu companheiro”

4 de Março de 2015

Ontem completei 4 anos oficialmente ao lado de Rodrigo. Comecei a escrever este texto antes, mas preferi passar o dia ontem ao lado dele (em vez de em frente ao computador) e não parei para postar. Agora partilho com vocês. Queria trazer palavras românticas, de um amor idealizado, de uma relação perfeita. Mas o que eu posso oferecer para partilhar sobre essa experiência – que somos o nós – passa por lugares que nem sempre queremos visitar.

Eu e Rodrigo não somos almas gêmeas. Nem sei se isso existe, apesar de ver um monte de casais no estilo conto de fadas nas redes sociais. Essa coisa de sintonia total, tampa da panela, “só o olhar basta para entender tudo”… Não. Não vivemos nenhum sonho encantado. Somos duas pessoas que um dia se apaixonaram, riram muito juntas, sentiram uma tal de química, e o mais importante: curiosidade. O interesse em entrar no mundo do outro foi tanto, que 3 meses depois já morávamos juntos.

Nós não casamos naquela ocasião. Não existe um momento único em que podemos dizer que casamos. Nós fomos morar juntos, fazer companhia, dividir dias, o chuveiro, a cama, o guarda-roupas, a geladeira, o controle remoto. Fomos ver qual era. Fomos passar mais tempo nos conhecendo.

E ali, eu descobri um cara massa, dedicado ao trabalho, atrapalhado e sem noção (como eu), que gostava de viajar (como eu) e de tecnologia, que tinha uma formalidade cômica, um carinho tenro, uma sensibilidade bem própria, pouca habilidade com palavras, o sorriso mais lindo do mundo e uma dificuldade enorme em perceber o que sente e dizer o que pensa. E eu passei eternidades tentando entender o fenômeno Rodrigo, enquanto o amava na mais irracional equação.

Aos poucos, nossa rotina foi virando, de fato, casamento. Desses tipos de casamento em que se casa todo dia. Ninguém assinou papel nenhum ou declarou em cerimônia um compromisso eterno. Que seja eterno enquanto dure. Mas construímos casa, adotamos gatos, nos entendemos como família, misturamos as rotinas e os dinheiros. Todo dia, eu acordo e digo sim para ele. Em alguns desses dias eu quero dizer não. Em outros tempos, inclusive, eu cheguei a dizer não. Ele, do jeito dele, também agiu em negativas, também disse não. Nos desapontamos. Casamento não é fácil, pelo contrário, casar-se é o desafio mais punk que alguém pode colocar na própria vida.

Decepções, raiva, incompreensão, tristeza. Tudo isso passa pelo nosso casamento. Incerteza também. Insegurança. Remorso. Coisas de gente. A linha tênue entre não se projetar no outro e, ao mesmo tempo, também respeitar os próprios limites de ser o que se é nem sempre consegue ser preservada com sabedoria. Não podemos criar expectativas que geram frustração, mas também não podemos forçar nossa barra. É preciso ser leve para conviver com o diferente. Manter a individualidade enquanto se vive um casamento é um desafio enorme. Compreender e aceitar a liberdade do outro é mais desafiante ainda.

Angústias, perversões, traumas, desejos, liberdades, projetos, tudo isso atravessa cada um de nós a nosso modo fica ali exposto, ou vêm a tona a qualquer momento, mesmo quando tentamos fugir, disfarçar ou esconder. Quando se casa, há um cruzamento de interesses, de formas de ver o mundo, de valores e de modos de ser. E o meu mundo e o de Rodrigo, por mais que naturalmente se mostrassem bem próximos no início (como todo casal apaixonado), apontam milhares de discrepâncias ao longo dessa jornada aniversariante. Há momentos de cansaço mesmo. E esse quarto ano, sabemos, nos levou à exaustão.

Nós mudamos bastante. O outro nos transforma também. Certamente a Isabella por quem ele se apaixonou 4 anos atrás já morreu há um bom tempo (ainda bem, estamos em processo). Coisas que eu quis já não quero mais, assuntos que não me interessavam tanto hoje movem minha vida. Ele também mudou e eu bem vejo o quanto. Ou talvez a gente não enxergava antes a sementinha já existente do que estava por vir, do que tínhamos guardado aqui dentro potente pra desenvolver. E como resignificar as coisas? Como se empenhar em superar as crises ou simplesmente escolher o fim, conscientes de que desistir nem sempre é fracassar? Lidar com o outro pesa em algumas circunstâncias, por mais que todo relacionamento deva, num âmbito ideal, ser leve. É uma tentativa de reequilíbrio constante. Eu sou daquelas pessoas quase arrogantes, falastronas e metidas a sabe-tudo. Ele é um tanto cruel, lento e introspectivo. Eu sou da comunicação, das artes, gosto de dançar, de plantas e bichos e choro com notícias ruins pelo mundo. Ele é médico, gosta de conforto, de dormir, de mundo virtual e de comer porcaria. Ele se acha prático e pronto. Eu sou do tipo que questiona. E, no fim, acho que quem é mais prática mesmo sou eu. Sim, esse romantismo que nos falta…

Mas isso não é uma disputa. Escolhemos jogar no mesmo time, seja lá o que isso signifique. Queremos seguir ensaiando a orquestra, por mais que vez ou outra desafinemos feio. E desafinar no palco é punk. Mas tocar ao vivo não é uma mera repetição dos estúdios. É tanto fator influenciando o tempo todo que pode dar uma tonteira. Não se prevê o que pode acontecer. Casamento é um balde de água fria em cima de qualquer pessoa com mania de controle, vá por mim.

Mas, mesmo assim, vivendo uma série de turbulências, nós hoje decidimos livremente seguir dizendo sim. Pelo menos por mais um dia. Conversando na cama antes de dormir ou trocando links pelo whatsapp. Comendo cada um a sua comida, mas vez ou outra partilhando uma cerveja boa com queijinho gostoso ou cozinhando a quatro mãos. Assistindo seriados e filmes diferentes, mas esperando a próxima temporada para continuarmos Game Of Thrones juntos. Tentando negociar a partilha do carro e arrumando um tempinho para a terapia de casal (recomendo) e saindo com família e amigos muitas vezes sozinhos. Já não jogamos mais vídeo games, já não vamos tanto ao cinema e festas e nem dormimos juntos no sofá. Também acabamos parando a yoga que fazíamos juntos. Mas, por hora, esperamos conseguir planejar a próxima viagem e, quem sabe, um dia nos prepararmos fisicamente para retomar aquela trilha de dias que não conseguimos fazer no réveillon retrasado.

Rodrigo, no fundo, hoje, no nosso quarto aniversário, queria dizer, apesar de tudo e por tudo, obrigada. Obrigada por me ensinar que na vida a gente nem sempre pode controlar as coisas. Na verdade, quase nunca. E muito menos as pessoas. Mas podemos superá-las, ajustá-las, entendendo limites. Fico feliz de ver que você gosta mesmo de mim e me dá liberdade para ser quem eu sou. Obrigada por ser a pessoa que mais partilha intimidades comigo, por ser quem mais está aqui junto. Não é fácil conviver assim de muito perto com ninguém e sei que não sou uma pessoa fácil. Eu gosto mesmo de você. Tenho podido ser verdadeira ao seu lado e isso é muito importante para mim, por mais que muitas vezes eu me distancie também da companheira que você projetou. Infelizmente, não posso pautar meus processos pelas suas expectativas. E vice-versa. Espero que você compreenda isso e possa ser sempre verdadeiro comigo também. Eu amo poder mergulhar na sua intimidade e ser a pessoa que está mais junto de você. E vamos seguindo nosso malabarismo, nossas loucuras.

Não tem sido fácil e nós sabemos. Mas não estamos juntos por obrigação e temos consciência do que escolhemos todos os dias e do que podemos desistir a qualquer momento. Sabemos o que nos une e esse lance de amor não se explica muito bem. Espero que o nosso quinto ano de parceria, que começa agora, retome os encantamentos que alguns ocorridos foram anestesiando e que plante novos encantamentos também. Principalmente aqueles que estão nas pequenas coisas bestas que podemos fazer por nós. Espero que possamos sintonizar as expectativas e compreender o que queremos individualmente e coletivamente, medindo até onde podemos ou devemos (ou não) abrir mão de alguma coisa. Espero que sejamos dados e lúcidos. Que nos comuniquemos mais e, consequentemente, nos respeitemos mais.

Espero te ver sorrir mais, porque amo teu sorriso. Espero te ver dançar mais, porque teu jeito desengonçado é maravilhoso. Espero rir mais e dançar mais também. Espero que a gente se apaixone loucamente de novo, e de forma nova, mas não perca essa intimidade intensa que só a rotina nos trouxe. Espero que a gente concorde mais, apesar de achar que crescemos através das conversas que temos quando discordamos. Espero voltar a ter vontade e iniciativa de preparar surpresas para você e que você também prepare algumas para mim. Por nós. Espero que a gente seja realizado independentemente do outro, mas que o outro seja uma força gostosa para partilharmos quem somos e que nos faça ser pessoas melhores. Espero que continuemos vivendo juntos também nossos bons prazeres. Desejo menos dores, menos lágrimas, mais cumplicidade e mais confiança. Que nos consolemos de forma certeira quando vacilarmos ou quando os outros vacilarem com a gente ou simplesmente quando as coisas derem erradas mesmo. Mas não espero que nada seja fixo, estável, porque o que faz valer é mesmo o desafio da mudança constante. Que estarmos juntos nos presenteie os nossos próximos desafios. E que a gente tenha vontade de se dedicar a passar por eles. Livres e leves.

Que a nossa parceria continue (menos torta, por favor), se for para continuar a nos fazer crescer e se for nos fazer bem. Até agora, mesmo com tudo, com altos e baixos, com deslumbramentos e desesperos, e com todas as coisas ainda mal resolvidas, estou muito grata pelo que venho aprendendo com nossa convivência. Você segue sendo um mistério pra mim. Quero seguir desvendando e desejo muito poder me encantar pelas próximas coisas que eu for encontrando. Ainda não sei onde vamos parar (nem se vamos parar), mas sigo dando passos e tentando colocar energia boa neles, porque acredito que eles seguem nos levando adiante. Espero que estejas feliz por também escolher estarmos juntos hoje e que sigas pacientemente tentando me entender e respeitar também.

Que o meu mundo seja do seu interesse e que o seu mundo me desperte. Ainda temos muito o que acertar juntos, não é mesmo?

Feliz aniversário de namoro. Que o amor que sentimos nos leve a um bom caminho de prazer e aprendizado, seja até quando tiver que ser. Amo você e você sabe. Um brinde ao nosso quinto ano que começou. Que seja um ano de cura. E chega logo em casa pra gente se encher dos melhores dengos que só a gente sabe.

ps – queria terminar com uma música gostosa, mas cada um escuta agora aquela que mais apetece. A minha eu vou colocar aqui em casa.

Sobre jogos de dominó

5 de Janeiro de 2015

Passei o fim de semana longe de casa e em casa ao mesmo tempo. Explico: viajei com pessoas queridas. A primeira foi com amigos de longa data. A segunda, com a família. Todos muito amados. Fomos à praia, comemos churrasco, jogamos dominó. Mesmo distante geograficamente, encontramos nosso lar quando estamos juntos de pessoas com quem nos sentimos à vontade, né? Isso é muito bom. Adoro gente querida quando se junta. E foi assim.

E como estava em casa, vivi e senti coisas que vivo e sinto todo dia vivendo meu cotidiano de “mulher doutoranda que mora junto com companheiro médico”. Em vários momentos durante a viagem, que no todo durou quase uma semana, me deparei com situações que expõem relações, para mim, complicadas no que tange ao tema machismo/sexismo (há quem prefira desassociar as coisas para ver se descem mais suaves… *suspiro*). Não discuti em *quase* nenhuma. Das mais sutis às mais tensas. Respirei fundo, contei até 10, fiz cara de blasée e tentei fazer com que meu feriadão de réveillon fosse mais leve. Mas o troço sempre fica pesando aqui dentro, entalado.

É engraçado que a maioria das questões que me tocam são aquelas que passam despercebidas por quase todo mundo, aquelas que não estão na discussão clara sobre o tema, mas nas atitudes feitas de modo despreocupado, habitualmente. Isso não acontece porque eu me acho muito inteligente e nem porque eu sou muito noiada, mas porque quando a gente mergulha nos estudos do feminismo e fica mais sensível a questões de direitos humanos como um todo, a gente dá adeus a uma certa paz mesmo. Basta parar cinco minutos em qualquer lugar, observar e constatar que as coisas não fazem sentido. E nada mais fácil do que ver homens cumprindo “papel de homem” e mulheres exercendo “papel de mulher”. Afinal, comida de fogão quem faz é mulher, mas o churrascão quem comanda é o homem. Enfim, não vou ficar aqui citando e nem levantar os problemas que estão por trás dessas divisões “inofensivas” neste texto…

Voltemos às viagens. Obviamente que, como feminista assumida, eu sofro provocações propositadas a respeito de temas de gênero. Alguém que solta uma “gracinha” (daquelas que não têm graça nenhuma) e diz logo em seguida: “eita, Bellinha vai me bater”. Fingi que não ouvi algumas. Me parece que sempre tem alguém querendo levantar o tema polemicamente. Muitas vezes estão querendo mesmo conversar sobre certas questões. Outras vezes é apenas para ver minha reação (como fazer “piada de português” para um português e testar se ele se importa em ser chamado de burro ou se ele é “um cara legal com senso de humor” que vai ser “esperto” e entrar na onda, deixar o bullying passar, porque, se ele se chatear ou se mostrar chateado, sofrerá para sempre). Interessante. Eu preferi observar. Fingir que não era comigo. Nem reagir mal e nem entrar na onda.

Não é que eu tenha me cansado de falar, não. Mas é preciso estratégias mais eficientes do que murro em ponto de faca para lutar pelo feminismo. Não dá para ter conversas profundas e elaboradas com quem não tem um percurso crítico e, ao menos, disposição para desconstruir. E, sinceramente, muitas vezes quem não tem disposição sou eu. Vou continuar provocando de outras formas, soltando perguntas, reflexões, ou até xingando mesmo, às vezes, porque não sou obrigada. Mas conversas intensas, me desculpem, só quando eu senti que vai levar a algum lugar legal ou quando eu não me sentir tão sozinha defendendo certos argumentos e tendo que engolir outros. Quem quer discutir porque os dualismos minam a possibilidade de diversidade e são a chave para o desenvolvimento de relações de poder que criam o padrão e, logo, o desviante? Haja pós-estruturalismo na veia. Não dá. Ainda estamos longes de uma sociedade que, ao menos, entenda as bases do que defende a teoria queer. É triste.

Enfim, entre as palhaçadinhas provocativas (palhaçadinhas, sim, porque tem aquele tipo de provocação que é interessada, e dessas eu até gosto, mas tem aquelas outras que são apenas para querer cutucar onça com vara curta), houve uma (na verdade, várias) do namorado da minha prima, que dizia: “FULANA, vá servir seu futuro marido, vá. Prepare ali o meu café da manhã, vá treinando”. Ela, sem graça, respondia um “hehehe, deixe de ser ridículo, oxe, vá lá”. E ele ria e olhava para mim de relance, enquanto eu passava meu filtro solar com ares de quem nem estava ouvindo (a onça cutucada com a vara curta poupando o bote). “Vá, FULANA, faça seu papel de mulher direitinho. Hehehe” e soltou aquele “Bella deve tá puta aqui… Hehehehe”. E, não, eu não me mexi, mas FULANA, sim, e foi preparar a comida dele, porque a mãe e a avó dela estavam de lado dizendo: “vai, FULANA, prepara logo a comida do moço”. Na véspera eu soube que eles haviam brigado porque o cidadão, bêbado, queria voltar dirigindo depois de uma festa à noite e FULANA não deixou. Ele se sentiu tão humilhado porque a namorada tomou a condução do carro, que preferiu voltar a pés (HAHAHAHAHAHA). Passou horas “de mal” com ela no outro dia, abusado, nem foram à praia. “Orgulho de homem”, justificava minha tia. Mas orgulho de mulher qual é, né, afinal?

Eu só respondia “humrum”, durante a mesma caminhada em que a tia me contava a história e comentava como era estranho uma outra moça com quem cruzamos na praia usar um biquíni fio-dental. “Ela não tem corpo, devia usar outra coisa”, criticava aqui. E elogiava ali a namorada do meu primo: “SICRANA, sim, tem corpo e poderia usar um fio dental ou o que quisesse, mas prefere ser elegante e usar o biquíni mais composto. Gosto muito de SICRANA, aprovo muito o namoro dela com meu filho, ela é muito discreta, não gosta de muita farra, se veste na medida, sem mostrar demais…”. E eu até “fui na onda” e elogiei o estilo de SICRANA (porque a moça é linda mesmo e estilosa mesmo, fora dos padrões da mídia) e emendei criticando a moda que minha irmã e minha prima usam, que usa decotão, barriga de fora e comprimento curto ao mesmo tempo. Que merda. Aprendemos que não pode, né? Aprendemos que é over. *suspiro*. E eu só queria falar mal do sistema que manda todo mundo se vestir igual, ter cabelo igual… Pluft. Cai na armadilha. Virei juíza e já tava ali criticando as pessoas que se vestem como querem. Sofri.

E voltamos para casa para o dominó. E formou-se um jogo que eram meninas contra meninos (oh, jura?!). E as meninas ganharam. E todos comentavam e comemoravam (surpresos?) com exaltação maior: “Essas meninas são porretas mesmo! Ganharam dos meninos!”. Enquantos todos sorriam felizes achando o máximo esse nosso mísero “orgulho da mulher”, eu só me pegava pensando que, se fossem os meninos que tivessem ganhado, tudo corria normalmente, partia-se para a próxima jogada, nada demais acontecia, além do esperado. Aquele nosso jogo de dominó de todos os dias, em que os homens estão sempre ali, na expectativa constante de serem os vencedores. Seguimos mantendo as posições. Quem sabe para ter aquele gostinho de vitória que nos dão, vez ou outra, apesar das condições desfavorecerem, quando rola um evento em que ganhamos. Nos ensinaram a nos contentarmos com pouco. Eu sigo “embaralhando” as pedras.

Exposição

3 de Janeiro de 2011

O amigo meu e super fotógrafo Alejandro Zambrana inaugura no próximo dia 7 de janeiro, às 19h, na Oficina Escola de Laranjeiras, a exposição Lambe Sujo e Caboclinhos. A mostra traz um recorte da documentação fotográfica que ele vem realizando há cerca de dez anos sobre o tradicional festejo popular sergipano, que encena anualmente, no segundo final de semana do mês de outubro, a batalha entre negros e índios pela conquista das terras da região do Vale do Continguiba.

O resultado do trabalho mostra a força de uma festa popular com mais de um centenário de realização e a paixão de uma cidade por um de seus mais simbólicos patrimônios culturais, expressos na dedicação de mestres, na alegria dos grupos participantes e na criatividade, que é uma das características principais do festejo. A vitalidade da encenação ganha ainda mais força por meio da escolha estética do fotógrafo, que desenvolveu todo o trabalho usando tipos de filmes positivos (slides) que reforçam a saturação das cores do festejo.

Serão 29 fotografias lindas compondo a mostra, que vai rolar na Oficina Escola de Laranjeiras, em Sergipe, bem pertinho de Aracaju, onde ela deve ganhar uma nova versão em Aracaju ainda no primeiro semestre de 2011. Alejandro possui um trabalho fotográfico super reconhecido nacionalmente e também é um dos integrantes do Trotamundos Coletivo, de que já falamos por aqui no blog. Ele pesquisa o uso da cor no discurso fotográfico, em especial por meio do uso de filmes positivos (slides), além de movimentar a cena fotográfica no estado de Sergipe. Dá pra conferir mais coisas dele aqui: http://www.flickr.com/photos/alejandrozambrana.

Serviço: Exposição Lambe Sujo e Caboclinhos Oficina Escola de Laranjeiras Endereço: Calçadão Getúlio Vargas,s/n Laranjeiras-SE Abertura: 7 de janeiro de 2011, às 19h. Visitação: 8 a 15 de janeiro, em horário comercial. Entrada Franca

Curso Básico de Fotografia

10 de Dezembro de 2010

Oi, pessoas.

Sumi com o blog por um tempo, enquanto resolvia minha vida de casulo. Aos poucos, a borboleta tá voando bem bonito.

Eu estou em Recife para uma temporada-verão. Volto pra Sampa só depois do carnaval.

Minha meta é escrever algo da minha dissertação para qualificar assim que eu voltar. Torçam por mim.

Como estarei na cidade, vou ministrar novamente o curso de introdução à fotografia que dei este ano.

As turmas são para janeiro e/ou fevereiro e as aulas serão realizadas em Casa Forte (Recife).

Serão aulas teóricas e práticas sobre história da fotografia, tipos de câmeras, luz, composição, foco, objetivas, ISO, velocidade do obturador, abertura do diafragma, fotografia digital e flash.

É um curso introdutório, um mergulho nos princípios fundamentais da fotografia.

O investimento é de R$360 à vista (inscrição)
OU 2x R$200 (inscrição + primeiro dia de aula)
OU 3x R$140 (inscrição + primeiro dia de aula + última semana de aula)
Em cheque, dinheiro ou depósito bancário.

As inscrições estão abertas e as primeiras aulas começam na primeira semana de janeiro!

As aulas serão realizadas à noite, segunda e quarta ou terça e quinta, das 19h às 21h, provavelmente.
Podemos pensar em abrir outras turmas em outros horários ou re-articular esses, caso haja demanda dos inscritos.

E então? Vamos fazer?

DIVULGUEM!!!

sobre ovos e borboletas

15 de Setembro de 2010

Algumas coisas que vêm acontecendo na minha vida tem me feito acordar para o que já sou.

Geralmente é assim: nos períodos de grandes mudanças percebemos quando começam e terminam os ciclos e como, muitas vezes, eles não dependem da entrada ou chegada em um lugar, do início ou término de algum projeto profissional, ou nem mesmo de um evento pontual, que podemos localizar no calendário. Muitas mudanças fortes acontecem simplesmente quando nos damos conta delas e vemos o quanto de coisas aconteceram, paulatinamente se somaram e, finalmente, produziram o diferente, o resultado do novo.

Às vezes, esse “dar-se conta” acontece de forma assustadora. Às vezes, com um alívio enorme. E outras vezes produz uma confusão sem fim: mistura dos dois. Hora de recomeçar. Recomeçar? Como? Para onde? Que medo! Mas não há outra opção… é o que se tem e, sim, é o que se escolheu. Pernas tremendo, olhos baixos. Como levantar a cabeça e enfrentar?

Geralmente, quando me dou conta – não aquele perceber inicial, que até chega a ser motivador, mas o dar-se conta em toda sua profundidade – eu fujo. Escondo debaixo do tapete, empurro com a barriga, finjo que nada se passa. Encarar a complexidade de frente quando cabeça e coração ficam em desarmonia é fogo! Somos muito apegados… apegados ao conforto do cotidiano, do hábito. Já diziam essas minhas aulas de Semiótica no mestrado: vai produzir uma mudança de hábito! Encara! Transforma o significado das coisas! Cria um novo código para ler as pessoas, os ambientes, e tudo que tá ao redor! Vai! Tenta…. E experimenta passar por um processo complicado de confusão e alfabetização (e angústia). Mas, por fim, é daí, e só daí, que vem o novo! E o novo é aquilo que a gente busca, né? Pois que venha o novo, a verdade (a filosofia chama essas descobertas de verdade… rsrs), e todo caos, incômodo e dor que vem com ele…

Mas preciso falar de ovos. Ontem, em minha vivência de casulo (ainda vou chegar nela), fui para a minha aula de Linguagem Fotográfica com Gal Oppido. Cheguei meio desanimada, cansada também, mas fotografar é sempre algo que me ajuda no que for. Foi só chegar na sala de atividades que o professor pergunta (Gal é meio maluco mesmo, mas um cara bastante observador e super inteligente): “ô bella, cê tá menstruada?”. E você responde: “não, gal, porque? tou inchada, gorda?”. E ele (estranhando não ter acertado): “não, você tá com as veias do colo bem destacadas, verdes, isso geralmente acontece quando as mulheres estão menstruadas…”. Daí você lembra que, pelos seus cálculos, pode menstruar a qualquer momento.

Não. O assunto não é meu período menstrual nem muito menos a talvez TPM que tenha se somado ao meu sofrimento de “dar-se conta”. Mas o ciclo. Daí me dei conta mais ainda, de que estou, de fato, recomeçando um ciclo. Então sento-me para assistir à aula e, então, qual o tema do dia? O ovo. Tá de brincadeira, né, Gal? Não. Eis que o texto de Clarice Lispector (aquela que de repente reaparece na minha vida com seus textos fodas ciclicamente me arrombando de vez), “O Ovo e a Galinha”, é o mote para as fotos do dia. E lá vem ela bombardeando:

“Ao ver o ovo é tarde demais: ovo visto, ovo perdido”. “Como o mundo o ovo é óbvio”. “Tomo o maior cuidado de não entendê-lo. Sendo impossível entendê-lo, sei que se eu o entender é porque estou errando. Entender é a prova do erro. Entendê-lo não é o modo de vê-lo”. “– Eu te amo, ovo. Eu te amo como uma coisa nem sequer sabe que ama outra coisa”. “O ovo é a cruz que a galinha carrega na vida. O ovo é o sonho inatingível da galinha. A galinha ama o ovo. Ela não sabe que existe o ovo. Se soubesse que tem em si mesma o ovo, perderia o estado de galinha. Ser galinha é a sobrevivência da galinha. Sobreviver é a salvação. Pois parece que viver não existe. Viver leva a morte”. “Como poderia a galinha se entender se ela é a contradição de um ovo? (…) A galinha é sempre tragédia mais moderna. Está sempre inutilmente a par. E continua sendo redesenhada. Ainda não se achou a forma mais adequada para uma galinha”.

E a bomba fatal:

“A um certo modo de olhar, há um jeito de dar a mão, nós nos reconhecemos e a isto chamamos de amor. E então, não é necessário o disfarce: embora não se fale, também não se mente, embora não se diga a verdade, também não é necessário dissimular. Amor é quando é concedido participar um pouco mais. Poucos querem o amor, porque o amor é a grande desilusão de tudo o mais. E poucos suportam perder todas as outras ilusões. Há os que voluntariam para o amor, pensando que o amor enriquecerá a vida pessoal. É o contrário: amor é finalmente a pobreza. Amor é não ter. Inclusive amor é a desilusão do que se pensava que era amor. E não é prêmio, por isso não envaidece, amor não é prêmio, é uma condição concedida exclusivamente para aqueles que, sem ele, corromperiam o ovo com a dor pessoal”.

Falar de amor, Clarice?! Putz! Mas amor tudo tem a ver com o ovo e com ciclos e com borboletas. E com tudo o que me faz sofrer hoje. O amor só é maravilhoso de verdade quando muda, quando transcende, quando sai do casulo. E assim, permanece em sua mudança.

Está na hora das borboletas, antes que todos desistam de chegar até o fim do texto.

Cheguei em casa e descarreguei as fotos do ovo (que fiz na aula de Gal) e, junto com elas, descarreguei as fotos que fiz em Recife nos últimos dias (e que dias!). Então, me aparece a borboleta (ali do nosso lado, o tempo inteiro, e eu só me dei conta com a fotografia…). É claro! É isso! Faz todo sentido!

A borboleta nasce de ovos (como todo inseto). Estranho, né, o tal ovo misterioso virar uma lagartinha? Pois vira. E na fase da lagarta a gente devora. Devora tudo, come sem parar, suga todas as energias que tem ao redor da gente, armazena, conhece, prova, come, come, come, vive. Fica cheia de experiência. E daí, chega a hora do ápice do ciclo: temos que entrar no casulo. Dar-se conta de que chegou a hora do casulo… Como deve ser difícil pra lagarta, né? É tão bom estar solta, comer, ser lagarta… Por mais que a lagarta saiba que vai virar uma borboleta mais livre ainda, voando (voando!) e bonita, ela ainda é lagarta… e deixar de ser o que se é não é fácil… ainda mais quando se tem um casulo apertadinho para enfrentar! Mas chega um momento em que a lagarta faz o seu casulo. E os fios que formam o casulo, são os mesmos fios que fazem a seda. Acho isso tão simbólico…. principalmente pensado como lagarta… Neste caso, como crisálida. Acho que agora eu sou crisálida, casulo. E tou ansiosa para virar borboleta. Consciente de que vou voar muito, mas ainda no escuro, confusinha e sofrendo.

Que me aguarde o céu!

Por fim, um amigo me manda “O mundo é mágico” do Calvin (sim, tudo no mesmo dia). Ler tirinhas sempre me faz bem e pode ajudar a passar o tempo de espera pela borboleta de forma mais suave, sofrida, sim, mas menos dramática (ouvir novos baianos também… ;p). Na página 44 desse livro está uma das maiores lições da vida: abra o olho e seja feliz, porque “existem tesouros por toda parte”.

Experimentações com o ovo na aula de Gal

Experimentações com o ovo na aula de Gal

Eu sou essa borboleta... (e ele vai acompanhar meu voô)

Tirinha da página 44 de "O mundo é mágico" do Calvin

conversando fotografia

11 de Agosto de 2010

Pessoal! Vou retomar o blog, agora que voltei das minhas férias no Recife. As férias mais não-descanso de todas.

Para inaugurar a retomada, vai uma dica para quem gosta de fotografia:

O Trotamundos Coletivo, composto por uma moçada amiga minha, vai realizar amanhã, às 19h, a primeira edição do projeto Conversando Fotografia. A história vai rolar em Aracaju, no Auditório Marcelo Hora de Araújo, no Espaço EMES. A idéia é agregar profissionais, amadores e interessados em discutir caminhos para o desenvolvimento da fotografia em Sergipe.

Há mais ou menos um ano essa galera vem debatendo a importância de mapear fotógrafos e projetos que são relevantes para a trajetória da fotografia sergipana, também fazendo um intercâmbio com profissionais da fotografia brasileira que enriqueçam o diálogo com o Estado. A partir desse percurso, eles promovem, durante o ano inteiro, conversas, debates, oficinas e mostras que incentivem o desenvolvimento da cadeia produtiva em Sergipe.

O Conversando Fotografia vai contar com trabalhos de fotógrafos locais que atuem em áreas diversas, como fotojornalismo, publicidade, documentarismo, editorial, assessoria fotográfica, eventos, fotografia experimental, etc. O segundo passo será interagir com convidados nacionais e fomentar a discussão sobre os potenciais e as necessidades do setor como um incentivo para a criação de uma Rede Sergipana de Fotografia. A idéia é dialogar com a Rede Nacional de Fotografia, fundada este ano, além de desenvolver parcerias com profissionais e redes de outras áreas artísticas, a exemplo do setor de audiovisual e do Fórum Música Sergipe.

Primeira Edição

Nesta primeira edição do Conversando Fotografia, além de apresentar mais detalhes sobre a iniciativa, o Coletivo Trotamundos vai abordar a própria experiência do grupo. O grupo é formado por Alejandro Zambrana, Marcelinho Hora, Zak Moreira, Ana Lira e tem contado com a colaboração de Júlia da Escóssia no último projeto organizado pelo coletivo, Mercado 24h, que deve resultar em uma exposição ainda no segundo semestre deste ano.

Os integrantes vão conversar sobre a produção fotográfica que estão realizando em conjunto desde 2009, os estudos de linguagem que vêm desenvolvendo, as referências que norteiam as discussões do coletivo e os projetos de formação desenvolvidos ao longo do último ano, como o Quem Faz a Foto?, que já foi realizado no Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) e no Centro de Referência e Assistência Social, na Coroa do Meio.

Então, não percam!!

Conversando Fotografia

Data: 12 de Agosto de 2010

Horário: 19h

Endereço: Auditório Marcelo Hora de Araújo – Espaço EMESAvenida Tancredo Neves, 225 – Aracaju – Sergipe

Em breve eu volto com minhas coisinhas…

=)

Agora, algumas fotinhas da moçada, para dar vontade de ir ao evento:

Mercado Municipal - Ana Lira

Mercado 24h - Marcelinho Hora

O Circo Singular - Alejandro Zambrana

Quem faz a foto - Zak Moreira

aos meus velhinhos

20 de Maio de 2010

Antes de vir morar em Sampã (como diz Zé Celso), eu encontrei tia Ângela (Brainer, astróloga – recomendo). Em algum momento da longa consulta (que durou mais de 3 horas e ainda não concluimos), ela me falou que eu tinha uma forte facilidade de relação com pessoas mais velhas, que eu poderia utilizar esse meu dom indo em asilos, potencializando-o.

É engraçado. Nunca tinha reparado nisso, apesar de sempre ter amados meus velhinhos, mas nesses últimos dias a coisa ficou cada vez mais clara para mim. Como eu já contei, no começo do mês estive em Florianópolis para comemorar o aniversário de 90 anos do meu tio-avô Osmar. Como eu não tinha dinheiro para ir, uma tia-avó minha (de 94 anos, se não me falham as contas), irmã desse meu tio Osmar e do meu avô Laiete (já falecido), resolveu me patrocinar. Então, fui representando Tia Maria do Carmo e a família Ribeiro do Valle do Recife. Das sobrinhas-netas fui a única a estar lá. Da minha geração estávamos eu, Arthur, o Beto, além de Luiza e Marina, netas do aniversariante.

Conheci todos os velhinhos, na verdade, as velhinhas da família (acho que os homens Ribeiro do Valle morrem muito cedo… Tio Osmar é o derradeiro e está firme e forte). Na segunda-feira, fomos almoçar apenas eu, ele e dona Dirce, de 98 anos. O almoço foi ótimo. Alguns assuntos repetidos, claro, faz parte. Mas super agradável.

Hoje liguei pra Tia Maria do Carmo para contar como foi a viagem e agradecer pelo presente-patrocínio. Foi bom demais pra mim estar lá e conhecer minha parentada. Além disso, estava morrendo de saudade dela. Nos emocionamos no telefone. Mas ela me mandou seguir “firme e forte”, que “essa, sim, é a Bella que ela conhece”. Os velhinhos me entendem tão bem. Acho que eles me ajudam mais do que o inverso. Me dão força, me provocam admiração, me estimulam, me lembram do que é a vida.

Sempre tive medo de perdê-los. Essa coisa de morte não me é bem resolvida, como creio que não é pra ninguém. Mas perder um velhinho querido é uma coisa que me escapa. Não sei definir minhas reações, mas sofro demais. E tenho medo. Chamei Tio Osmar de vovô algumas vezes durante minha permanência em Floripa. Sai assim, sem querer. Sei que não é só porque ele se parece com meu avô ou porque é seu irmão, mas porque meu avô me faz falta. E morro de medo de meus velhinhos todos me fazerem essa falta toda antes de eu poder apresentar meus filhos, minhas vitórias ou qualquer coisa mais pra frente que os façam se orgulharem de mim, que eu cresci e sou uma pessoa legal. Mas o mais incrível é que eles me olham e me falam como se eu já fosse tudo isso.

Não aguentei de saudade e, algumas horas depois de falar com a tia-avó, liguei pra uma outra tia-avó, tia Lenise. Chamava e não atendia na casa dela. Daí liguei pros meus avós maternos. Meu vô tá é gripado… Mas foi bom demais ouvir a voz dele (mesmo que falha da doença) dizendo que tá com saudade. Conversei um tempão com voinha sobre receitas de cozinha e sobre o mestrado. E o melhor: Tia Lenise estava lá com eles! Ela se operou ontem de algo nos dentes, mas já está bem. Disse que ia bordar uns paninhos de prato pra mim.

Eita saudade! Uma saudade de não passa! Um amor que não morre! Uma vontade de abraçar sem fim e fazer cafuné nos cabelos brancos.

E hoje foi o dia dos meus velhinhos.

Ah! Hoje eu completo 10 meses de namoro com o Sr. Tiago West. Queria aproveitar pra me declarar publicamente no blog… rsrsrs… Obrigada por tudo, Tico! E aguenta firme aí que num piscar de olhos eu chego no aeroporto pra gente comemorar. ;p

Loviú, beibe.

Tio Osmar, no seu aniversário de 90 anos (by me)

da saudade

18 de Maio de 2010

É um post só pra falar que ando meio de banzo, de saudade e de desânimo e angústia com os trabalhos do mestrado (quem me conhece sabe bem como sou quando tudo mistura e como me agonio com essas coisas de ser aluna aplicada).

Por isso não tenho escrito mais. Mas vou escrever logo, logo, que isso vai passar rápido (quem me conhece sabe disso também).

E viva a tristeza!

=D

beyoncé e a seleção

11 de Maio de 2010

Gente! Saiu a convocatória de Dunga pra seleção, finalmente. E, para a decepção de todos, nem Neymar e nem Ganso passaram no vestibular. Lamentei mais a perda de Adriano e Ronaldinho Gaúcho do que a dos dois meninos do Santos, mas confesso que eles estão uma graça na propaganda da Seara. Três divos! Pelo menos Robinho já disse que vai representar o trio com classe lá na África. Será que ele vai dançar “All the single ladies” quando fizer um gol??? Ia ser muuuuito divertido! (fica a dica pro Robinho, encaminhem meu blog pra ele. rsrs). Não vejo a hora desses jogos chegarem logo e do Brasil ganhar a copa. Tou com saudade disso.

Mas a seleção foi só pra puxar o papo celebridades. Gente, quando eu crescer quero ser igual à Beyoncé. É uma coisa estupenda aquela mulher. Alguém podia me dizer que era tudo mentira, que eu ficaria mais feliz? Haja rebolado! Haja classe! Haja salto! Haja bunda! Haja molejo! rsrs. Comecei minha vida de diva começando pelas unhas. Eu sei que num é lá o começo mais produtivo para alcançar com eficiência e eficácia os resultados desejados, mas já tentei a dieta e num tá rolando, e minhas aulas de circo não tão fazendo muito efeito estético, não. Quis dizer que tou acima do peso, sim, e que tou conseguindo baixar muito ainda não.

Daí tou literalmente empurrando esse emagrecimento com a barriga e começando com a elegância. Tive ataque de mulherzinha esses dias: comprei bota de cano longo, meias-calças coloridas para o inverno e esmaltes! Sim, esmaltes desses coloridos, da moda. Parei de roer unha e isso me impulsionou a querer ficar mais bonita. Comecei meu charme de diva fazendo as unhas (acho que havia uns 3 anos que não fazia as unhas…). Semana passada pintei de vermelho e essa semana, de roxinho. Arrasei. Estive em Floripa no último fim de semana pro aniversário de 90 anos do meu tio-avô Osmar (foi ótimo, por sinal, e por isso não escrevi mais no blog) e a parentada elogiou as minhas garras. Comentaram que eu tava mais cheinha também. Mas essa parte a gente pula. ;p

Cumpri minha meta de elegância nas unhas, pelo menos. Sou quase uma Beyoncé. Falta só mais alguns passos… Por enquanto vou me espelhando na Lady Gaga, no que diz respeito ao quesito “não tou no padrão, mas sou diva”. Por sinal, a Lady Gaga se garante também! Tem futuro essa menina! Revelação da nossa geração.

Falando em revelação da nossa geração, vou conseguir em um post só sair da Seleção Canarinha e terminar com Devendra Banhart. Voltei a ouvir o som do cara hoje. O menino me dá orgulho, viu? Ô garoto inteligente! Esse também tem futuro! (bem diferente do da Lady Gaga, claro, mas tem). E me pus a pensar (voltando ao assunto celebridade): Devendra e Natalie Portman eram um casal mais “se garante” do que Brad Pitt e Angelina Jolie?

Portman e Jolie estão até super na disputa com Beyoncé no que eu tou traçando como meta. As meninas são jeitosas demais! Ah! Quando eu crescer….

mili e manu fotografando a próxima diva, vulgo eu (tou muito poser mesmo com essa coisa de blog), em 2006.